domingo, 30 de outubro de 2011

Na escola sem personagens (...)

ao som de 'Un niño en la calle, Mercedes Sosa e Calle 13'


Na escola sem nome e sem personagens,

Ele copia os números. Ávido, atento a cada curva que a professora esboça na pequena lousa. Os cães mulambentos circulam e latem no povoado, farejam em busca de alimento. Mas os meninos permanecem em silêncio - silêncio além do não falar -  e o som das chinelas da maestra arrastam-se para além daquele mundo afora. 'Ocho'. Ou 'oito' lá pra banda dos brasileiros como já ouviu a sua abuelita dizer. Aperta o toco de lápis com força a cada movimento que faz com a pequena mão endurecida. Não vê significado algum, não entende tantos números mas gosta de copiar. E com capricho o menino imita o que o sol da campanha reflete no quadro-negro. A curva do oito será a curva do mundo, um dia.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Sons ao redor

Receio que não possa explicar mas tenho pensando que devanear não converge necessariamente ao 
sonho. Sabe, sem devaneios que monstruosa dificuldade teríamos em alcançar a realidade (...)
Assim, tantas vezes falo baixo, deixo os sons ao redor falarem juntos - é o carro que passa na rua, a chaleira com a água para o mate, o vento castigando as janelas e Fito tocando ao fundo. Não são todos esses sons, pois, parte do devanear mas também pedaços da minha fala nessa tarde?