quinta-feira, 27 de junho de 2013

O sorriso de João

Olhar escasso. Olhar de quem consigo traz um peso calado. Olhos metálicos. Olhar de quem vê as coisas sem ênfase, sem surpresa, sem esperar por nada diferente. João é assim, com o andar cansado e indiferente, há anos sente como se não houvesse mais esperança. 
Só quando sobre o morro, no fim do dia e vê os netos pequenos acenando lá de cima, nesse momento, com fé, João dá um sorriso, sorriso meio que risada, explosivo.  Catarse.  Acena com as mãos enrugadas, respira fundo e ganha fôlego para chegar até o topo. O sorriso de João ao ver os netos é a única coisa que ainda não lhe tomaram.