quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Com tentáculos

Fico imaginando até onde elas vão, até onde vão as palavras. Imagino-as com tentáculos invisíveis abraçando e envolvendo quem as ler, ou melhor: quem se permite ler, ler de verdade. Gosto de palavras envolventes, palavras que ficam!
Tentáculo é assim, é uma palavra que permanece. Mas permanece em movimento. Tanta coisa ruim, tanta coisa boa que chega e prende a gente, sufoca, angustia, e nos deixa nos os olhos saltados; olhos esbugalhados de desespero. Ah, enfim, deixa pra lá, por ora, deixa pra lá essa história toda de olhos saltados e coração apertado.
Quero mais é ser envolvida pelos tentáculos gigantes de cada palavra, deixar que eles se infiltrem em cada suspiro, cada olhar. Até que eu compreenda que não existe um até. Nas palavras o que existe é um além. Sem essa de aqui começa um e ali termina outro vocábulo. Deixemos que os tentáculos envolventes nos abracem e entenderemos (sem traduções ou reformas gramaticais!) porque as palavras são contínuas e íntegras mutantes.
Só preciso entender muito mais sobre esse imenso além literário.