quinta-feira, 14 de abril de 2011

Pequena leitura da visão de uma caloura.

            Vivenciar a diversidade é um privilégio, e um privilégio grande. Eis um dos tantos sentimentos que tem regido as minhas primeiras semanas na FURG. E sinto-me feliz ao saber, por meio de comentários diários, que os demais colegas da ATM 2016 compartilham tal percepção.
            Somos um grupo atípico. Reunimos as mais variadas origens, sotaques, estilos, preferências. Entretanto, um sonho chamado medicina nos uniu e no sul do sul do país cá estamos. 
            Toda travessia é marcante e o ingresso na universidade não é, pois, diferente. Perspectivas e anseios já naturais somaram-se ao fato de estarmos fazendo parte da primeira turma da FAMED selecionada única e exclusivamente através do Enem. Como seria a convivência de uma turma tão heterogênea? Felizmente, a nova conjuntura tem se mostrado encantadora e os nossos medos são, gradativamente, atenuados. As dificuldades iniciais existem e persistem, contudo afirmo que a riqueza que experimentamos desde já recompensa muito. 
            Nada é construído sem trabalho e nenhuma relação saudável pode ser forjada. Nessa perspectiva, admiramos demais o esforço e a preocupação que os nossos veteranos tiveram e continuam tendo conosco. A ATM 2015 apresentou-nos a ações já tradicionais dentro da FAMED, como a doação de materiais (feito que atingiu o seu ápice com a criação do ‘cd do kit bixo’ contendo resumos e materiais de apoio para os calouros) e a organização da confecção dos nossos jalecos. Atos que, para mim, soaram como palavras silenciosas de boas-vindas. 
            Mas a doação de materiais, a ajuda em questões burocráticas e outras ações promovidas são feitos visíveis. E o que quase não se pode descrever? Tenho muito que agradecer pela acolhida respeitosa e pelo apoio emocional que recebi dos colegas de turma, dos veteranos e, inclusive, de integrantes de outros anos. O projeto “Recrutas da Alegria” fez-nos mergulhar em uma oportunidade imensurável afinal, como já mencionava Charlie Chaplin, um dia sem um sorriso é um dia perdido. 
            Na FAMED, encontramos uma recepção que, talvez, não encontraríamos em nenhum outro canto do Brasil. Ouvir um ‘quando precisar de algo, podes me chamar’ compensa muito a distância e a saudade da família – que, em muitos casos, está a mais de 2000 km. A partir de tão boa impressão acerca da FURG e da Faculdade de Medicina, também expresso aqui a minha frustração acerca de boatos que dizem a respeito de um suposto ‘trote’ praticado por veteranos e calouros. Tal ação não foi praticada por nenhum integrante da FAMED, visto que o objetivo foi respeitar as normas vigentes da instituição de ensino. 
            Não deixemos que o encantamento inicial nos cegue e iniba as nossas ações - a ATM 2016 deve estar ciente dos desafios e da responsabilidade no engajamento por mudanças no que cerne aos problemas e aos empecilhos que encontraremos nos mais variados âmbitos.
Dessa maneira, desejo aos colegas de sala de aula força nesse início de jornada. Os primeiros passos na medicina são, afinal, apenas os primeiros passos. 
Por fim e ao cabo, um sincero agradecimento a todos da FAMED que, de alguma maneira, ajudaram a mim e aos meus colegas – sejamos do sul, norte, nordeste, centro-oeste, sudeste do Brasil – a nos sentirmos em casa.