terça-feira, 26 de julho de 2011

Sistema Tripartido

Um pouco do que gente aprende depois de passar pelo ensino fundamental e médio...


O princípio de dividir, de desintegrar para compreender, rege o nosso modo de ensino e de aprendizagem. Felizmente em alguns casos, infelizmente em muitos. Somos inseridos nesse sistema desde muito cedo, desde o ensino fundamental; habituamo-nos a tal dinâmica a partir da tradicional divisão de disciplinas. E, quando não somos devidamente orientados, o processo de aprendizagem limita-se ao desconexo e não aprendemos a unir, relacionar.
            A clara relação existente entre a compreensão gramatical, o estudo da estrutura linguística, a leitura de uma obra e a capacidade de - juntando todos esses fatores - escrevermos um texto não é tão evidente assim para muitos e muitos estudantes brasileiros. As disciplinas de português, literatura e redação são apresentadas ao aluno como três grandes áreas distintas. Relacionar essas, então, com história ou geografia é tido como sem sentido. 
Essa situação, lamentavelmente, cria estereótipos para as disciplinas e distorce o ensino da língua como um todo. Português tem sido reduzido a meras normas gramaticais e Literatura, para tantos, não passa da lista de leituras obrigatórias para o vestibular. Isso sem mencionarmos Redação que, ao invés de ser encarada como um recurso de expressão e valorização da individualidade, é tida como o carrasco da vida estudantil.
Ora, não necessitamos de formação em pedagogia para percebermos que uma real interdisciplinaridade pode ser estabelecida através da leitura e da análise de textos em sala de aula - recurso viável para todos, porém raramente utilizado. Triste constatação é quando ouvimos um estudante afirmar que adora as aulas de Português, entretanto não suporta as aulas de Literatura. 
Das tantas maneiras de abordarmos a problemática do ensino da língua portuguesa no país, refletirmos sobre a forma sedimentada sob a qual é trabalhada é, talvez, uma boa maneira de iniciarmos um debate. Não há como combatermos preconceitos linguísticos ou incentivarmos a leitura quando nossos estudantes não veem sentido e conexão entre as disciplinas propostas. Ou pior: não veem sentido e conexão entre esse sistema tripartido e o que vivem cotidianamente.

Cachoeirinha, 26 de julho de 2011.


Dedicado à minha tutora, Michele Zgiet, que lê em sala de aula.

Um comentário:

  1. Muito interessante o texto :) De fato a fragmentação no ensino é preocupante, pois é carregada até a universidade, a qual temos s ilusão, antes de entrar, que será diferente, contudo, isto acaba não ocorrendo.
    Percebemos, ao ingressarmos no ensino superior, que esta interdisciplinariedade persiste, mesmo ao passar dos anos os estudantes ainda tratam as disciplinas como peças de quebra-cabeças diferentes, sem perceber que o todo é a união destes.

    ResponderExcluir