Olhar escasso. Olhar de quem consigo traz um peso calado. Olhos metálicos. Olhar de quem vê as coisas sem ênfase, sem surpresa, sem esperar por nada diferente. João é assim, com o andar cansado e indiferente, há anos sente como se não houvesse mais esperança.
Só quando sobre o morro, no fim do dia e vê os netos pequenos acenando lá de cima, nesse momento, com fé, João dá um sorriso, sorriso meio que risada, explosivo. Catarse. Acena com as mãos enrugadas, respira fundo e ganha fôlego para chegar até o topo. O sorriso de João ao ver os netos é a única coisa que ainda não lhe tomaram.